culturas negras no mundo atlântico



sound system em salvador; luta de arena em dakar; performances no harlem, ny; carnaval em londres; cafés literários na martinica; emancipation celebration em trinidad; salões de beleza afro em paris; artes visuais em luanda; festival de vodum em uidá. a terceira diáspora é o deslocamento virtual de signos - discos, filmes, cabelos, slogans, gestos, modas, bandeiras, ritmos, ícones - provocado pelo circuito de comunicação da diáspora negra. potencializado pela globalização eletrônica e pela web, coloca em conexão digital os repertórios culturais de cidades atlânticas. uma primeira diáspora acontece com os deslocamentos do tráfico de africanos; uma segunda diáspora se dá pela via dos deslocamentos voluntários, com a migração e o vai-e-vem em massa de povos negros. diásporas_estéticas em movimento.
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antropóloga, viajante e fotógrafa amadora, registro cenas do cotidiano em cidades negras das américas do norte e do sul, caribe, europa, áfrica e brasil, sobre as quais pesquiso, escrevo e realizo mostras audiovisuais. meu porto principal é salvador da bahia onde moro. Goli edits the blog www.terceiradiaspora.blogspot.com from Bahia Salvador, is a traveller and amateur photographer who recorded scenes of daily life in the atlantic cities about which she writes and directs audiovisual shows. She has a post-doctorate in urban anthropology and is the author of the book "The Plot of the Drums - african-pop music from Salvador" and "Third Diaspora - black cultures in the atlantic world".

domingo, 2 de agosto de 2009

sobre havana


Fidel está morto? Havana está viva, quente e eloqüente. Extremamente movimentada, a madrugada da cidade revela uma vida insuspeita. Longos deslocamentos a pé reúnem pessoas em diversos pontos, em frente a teatros magníficos, boites, cafés cantantes. De dia, calçadas repletas, feiras, filas. Havana é vaidosa e do luxo de seu barroco-espanhol espreita-se a vida íntima das casas que se estendem nos portais de suas ruas abrigadas de sol e chuva, onde se movem pessoas falantes, curiosas, espertas. Um lugar perfeito para um flanêur. Caminhar, perder-se, encontrar-se. É exótica e familiar, é linda, triangular, invadindo um azul denso de um Caribe particular. Não há praias em Havana, o longo cais do Malecon abriga muitas outras práticas. É um espaço amplo, de bate-papo, de pescaria, de tragos de rum, de comércio clandestino. Escambo, esmola, truques, fotografias. Toda gente o freqüenta, famílias, jovens, prostitutas, gays e travestis que fazem da balaustrada um ponto de encontro e de notoriedade dos novos tempos que já se anunciam. Turistas por toda parte só realçam o cosmopolitismo de uma cidade-ícone percebida em chevrolets, riquixás, ônibus decaídos e táxis tipo cupê. Verdadeiramente musical exibe pianos e batás. Menos mestiça que Salvador, os brancos são significativos. Os negros também e vê-se pessoas de todas as cores em todos os tipos de trabalho, tantas vezes interrompido por panes de eletricidade, incêndios, mansidão, tabacaria. Havana é pobre e luxuosa, é mística e guarda sua santeria em recinto familiar. Altares de xangô disputam espaço com televisores arcaicos, móveis kitch e altíssimos tetos de pé direito abrigam jóias decorativas. Havana é ousada, desconcertante, imprevista, uma cidade atemporal feita para ver e estar.

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