
alagados, salvador, 2010
“Toda a noite, Climbié não desejou dormir. Queria avistar Dakar desde longe. (...) Eram cinco horas quando seu vizinho o acordou gritando: ‘Chegamos!’ Climbié (...). O navio estava atracado. Muitas luzes vinham de outras embarcações. O mar estava calmo, mais calmo que uma lagoa. — O que são esses fogos azuis e vermelho? —A entrada do porto. (...) — Mas deve ser uma grande cidade, com todas essas luzes...
— E Goré?
— Goré é aquilo que você vê ali.
— Como? É isso Goré? Diz Climbié indicando com o dedo (...). Então foi por este minúsculo ponto de terra que os estados europeus se bateram durante anos, em sua competição na África?” [Bernard Dadié. Un négre à Paris. Paris/ Dakar, Presence africaine, 1959, p. 7.].
Rex Milton Nettleford [1933-2010]. Considerado um visionário, o intelectual e artista jamaicano exerceu diversos papéis ao longo de uma vida profícua. Acadêmico, autor, orador, coreógrafo, bailarino. Chamado simplesmente de Rex, alimentou sua sensibilidade e vívida imaginação para estudar o estilo de vida dos países caribenhos. Além da dança, práticas religiosas, padrões de música e linguagens foram alguns dos temas do seu horizonte de interesses. Embora local e internacionalmente premiado ele continuou seu compromisso de trabalhar em estreita colaboração com os caribenhos para explorar a sua complexa realidade cultural. Sua arte, como os escritos e coreografias expressa as lutas dos povos do Caribe. Pensador original, formulou suas próprias ideias sobre a hibridação e crioulização. Sua primeira publicação Mirror, mirror, race, identity and protest in Jamaica (1970) descreve a complexidade e o dilema das identidades na cultura jamaicana.