culturas negras no mundo atlântico



sound system em salvador; luta de arena em dakar; performances no harlem, ny; carnaval em londres; cafés literários na martinica; emancipation celebration em trinidad; salões de beleza afro em paris; artes visuais em luanda; festival de vodum em uidá. a terceira diáspora é o deslocamento virtual de signos - discos, filmes, cabelos, slogans, gestos, modas, bandeiras, ritmos, ícones - provocado pelo circuito de comunicação da diáspora negra. potencializado pela globalização eletrônica e pela web, coloca em conexão digital os repertórios culturais de cidades atlânticas. uma primeira diáspora acontece com os deslocamentos do tráfico de africanos; uma segunda diáspora se dá pela via dos deslocamentos voluntários, com a migração e o vai-e-vem em massa de povos negros. diásporas_estéticas em movimento.
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antropóloga, viajante e fotógrafa amadora, registro cenas do cotidiano em cidades negras das américas do norte e do sul, caribe, europa, áfrica e brasil, sobre as quais pesquiso, escrevo e realizo mostras audiovisuais. meu porto principal é salvador da bahia onde moro. Goli edits the blog www.terceiradiaspora.blogspot.com from Bahia Salvador, is a traveller and amateur photographer who recorded scenes of daily life in the atlantic cities about which she writes and directs audiovisual shows. She has a post-doctorate in urban anthropology and is the author of the book "The Plot of the Drums - african-pop music from Salvador" and "Third Diaspora - black cultures in the atlantic world".

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

notícias de oyó

paula gomes, embaixadora cultural do palácio de oyó, nigéria

Goli_ O mundo iorubano como é que está na Nigéria?

Paula_O islão dominou mesmo e o cristianismo também. Mas há de frisar que as coisas estão a mudar, porque o povo sofreu lá também, foram forçados pois se não mudassem podiam inclusive ser mortos ou discriminados. Ou mudavam ou não iam para a escola, então muitos pais para que os filhos não sofressem e para que não fossem discriminados preferiram entrega-los ao islã ou ao cristianismo. Depois, os muçulmanos e os cristãos estão a fazer negócio e se aproveitam da parte tradicional para lucrar, para fazer dinheiro com isso e implementaram na mente das pessoas que o tradicional não presta. Mas as coisas estão a mudar.

Goli_Que motivos levam a essa mudança?

Paula_ Acho que a nova geração começa a querer ser livre, a liberdade do ser , do pensar e a resistência do povo iorubá e da própria cultura, o povo da axé resistiu; o mundo de fora, a diáspora está a dar valor ao que é tradicional deles, a dar valor aquilo que nós já não cremos, então eles estão a despertar. A nova geração está dando atenção à nossa cultura. 

Goli_ Em Oyó as pessoas sabem que Salvador da Bahia existe? Que existe candomblé?

Paula_Há um ponto muito importante é que a Nigéria tem problemas de eletricidade. O que isto significa? Que muita gente não tem televisão, não ter televisão é não estar ocorrente de notícias ok?. Mas o povo mais jovem sabe que no exterior, nas Américas,  existe a cultura iorubá e a internet foi ligar muito o povo - não os mais velhos, mas o povo mais jovem ao mundo exterior. Então isso está a abrir, a consciencializar e de certo modo está a ajudar a desenvolver essa consciência na nova geração.



nota_ entrevista realizada com a portuguesa paula gomes, radicada na nigéria, no terreiro oxumaré em salvador da bahia, 18 de janeiro 2014


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