paula gomes, embaixadora cultural do palácio de oyó, nigéria
Goli_ O mundo iorubano como é que está na Nigéria?
Paula_O islão dominou mesmo e o cristianismo também. Mas há de frisar que as coisas estão a mudar, porque o povo
sofreu lá também, foram forçados pois se não mudassem podiam inclusive ser
mortos ou discriminados. Ou mudavam ou não iam para a escola, então muitos pais
para que os filhos não sofressem e para que não fossem discriminados preferiram
entrega-los ao islã ou ao cristianismo. Depois, os muçulmanos e os cristãos estão a fazer negócio e se aproveitam da parte tradicional para lucrar, para fazer dinheiro com isso e implementaram na mente das pessoas que o tradicional não presta. Mas as coisas estão a mudar.
Goli_Que motivos levam a essa mudança?
Paula_ Acho que a nova geração
começa a querer ser livre, a liberdade do ser , do pensar e a resistência do
povo iorubá e da própria cultura, o povo da axé resistiu; o mundo de fora, a
diáspora está a dar valor ao que é tradicional deles, a dar valor aquilo que nós já não cremos,
então eles estão a despertar. A nova geração está dando atenção à nossa cultura.
Goli_ Em Oyó as pessoas sabem que Salvador da Bahia existe? Que
existe candomblé?
Paula_Há um ponto muito importante é que a Nigéria tem problemas de
eletricidade. O que isto significa? Que muita gente não tem televisão, não ter
televisão é não estar ocorrente de notícias ok?. Mas o povo mais jovem sabe que
no exterior, nas Américas, existe a cultura
iorubá e a internet foi ligar muito o povo - não os mais velhos, mas o povo
mais jovem ao mundo exterior. Então isso está a abrir, a consciencializar e de certo modo está a
ajudar a desenvolver essa consciência na nova geração.
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