“A minha música é, na realidade, uma fusão de estilos e ritmos da black music. Quando comecei a montar esse trabalho, pensei apenas em cantar soul, mas lembrando da minha infância, da composição rítmica dos grupos de samba-duro (sambas juninos), dos blocos afro que sempre fizeram minha cabeça e da meninada daqui da cidade. Eu toco desde guri, meus parentes entre irmãos e primos são quase todos da música. Agora a ideia é justamente a de buscar, montar saídas para as novas produções, outras quebradas para se manter no palco, para desenvolver novos trabalhos, novas coisas para se movimentar na vida, se quiser mudar algo nela”[Dão].
Dão. “Nasci numa rua chamada Freitas Henrique de Cima, ela fica entre a Baixa de Quintas e o bairro da Caixa D'agua. Lá foi onde tive acesso aos grupos de samba duro (sambas juninos). Na minha rua tinha vários grupos: Pop Samba, Cassetete, Partido do F..., Obanilê, ‘Obanilê, aê aê, no primeiro ano, na avenida, podes crer...’, ‘quem manda chuva é Nanã’. Ali existia um encontro de samba ou no Pau Miúdo ou na Arraiá do Corta Braço, hoje Pero Vaz. Os compositores defendiam seus bairros com a música tema. Se ganhassem saiam cantarolando e, ao mesmo tempo, temendo uma confusão na rua por conta da insatisfação dos outros grupos. Minha rua sempre teve bons músicos, mas no Pero Vaz e Pau Miúdo tinha muitos caras bons!. Quando eu era guri vi Beto Jamaica, Dinho Barrabas, Vigia, Minininho, entre outros. Todo mundo cantando samba duro na rua” [Dão].