“Aproximava-se o Carnaval de 1942, os garotos [Didi, Clodoaldo, Minininho, Hugo e Aurinho] muito alegres, animados e animando os outros que lhe rodeavam, conseguiram juntar 30 sócios, organizando a brincadeira (...) . Domingo, dia do Carnaval, quando acordaram foram ao riacho, junto à lagoa da Vovó [em São Gonçalo do Retiro], tomaram um rico banho e na volta fizeram uma fritadinha de carne de sertão com ovos e bastante cebolas e comeram acompanhada de um aperitivozinho pra alegrar a brincadeira. (...) Assim o Afoxé Pai Burukô passou a ser uma pândega, em que a maior parte de seus sócios, participantes da Religião Tradicional Africana Nagô, se organizou para se distrair e alegrar o povo de modo geral, sem nenhuma finalidade religiosa” (Mestre Didi. Autos coreográficos: Mestre Didi, 90 anos. Salvador, corrupio, 2007, p. 35-6).
“Afoxé [nagô; advinhação, profecia]: é um bloco carnavalesco, uma ‘brincadeira’ de forma, conteúdo e comportamento específicos, não só porque seus membros-foliões estão vinculados a um terreiro, unidos por uma religião, pelo uso de uma língua, dança, ritmo e códigos de origem nagô, senão por terem, fundamentalmente, consciência de grupo, comunidade de valores e hábitos que os distingue de qualquer outro tipo de bloco ou cordão. O que mais caracteriza o afoxé é a sua figura central, o babalawô, pai conhecedor dos mistérios, do futuro, dos destinos, iniciado dos mistérios do jogo oracular, acompanhado de seus ‘ajudantes’, em torno dos quais se desenvolve toda a atividade lúdica do grupo” (Juana Elbein dos Santos. Autos coreográficos: Mestre Didi, 90 anos. Salvador, corrupio, 2007, p. 42).
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